Ainda me lembro daquela tarde perdida, quando as horas me diziam que eu deveria ir embora, chegar em casa e tirar os resquícios daquele dia. Tinha vontade de água passeando pela pele, resfriando o fundo da garganta. Mas ainda não chegara esse momento. Meus passos esbarravam com a areia, com o asfalto meio avermelhado, com as marcas de outros sapatos. "Deveria ter ido direto para o meu lugar". Foi quando me senti num tabuleiro de xadrez. Você vestia branco. Eu, preto.
Havia homens trabalhando, a obra não parecia ter fim: a terra virando barro... Até posso ouvir o barulho, até tenho vontade de apertar toda aquela massa com as duas mãos. Já estava ficando firme, mas eu queria apertar e esculpir uma arte insignificante, só pelo prazer de criar. Ele passou por mim, fumava um cigarro e tinha olhos tristes. Andava devagar, como se admirasse a paisagem.Parei para escutar meus pulmões.
Só o som da pá cortando o chão me penetrava os ouvidos...
Os homens falavam de trabalhos braçais e eu olhava na direção oposta. Mudei os rumos, segui novas pegadas. Encontrei-o na biblioteca. Perdi-me nos livros.
Não sei quanto tempo passou...
Hoje ele esteve ao meu lado no ônibus. Trazia umas leituras preocupadas com o bem-estar social e outras coisas utópicas que as pessoas ligadas aos movimentos com causas geralmente carregam. E tocava uma música insuportável!
Não trocamos contatos.
Compartilhamos o silêncio...
4 comentários:
Compartilhar o silêncio é a melhor coisa.. =O
Encontros e desencontros..Amor à vista?
bju
eita comigo aconteceu algo parecido, essas coisas de cruzar com quem n conhecemos é muito estranho. são pessoas q conehcemos sem conhecer e q de certa forma fazem parte de nossa rotina
:D
num jogo onde o começo se dilui em olhares distantes, não se sabe quem está com vantagem...
Muito interessante um encontro assim , é o dia-a-dia mostrando que pode ser um pouco mais se acontecer um OI =))
Muito bom o texto !
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