sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O NOME DO MEU SONHO

Espere um pouco. Eu disse sem que ele escutasse, antes que fechasse a janela. Sabia que o vento era quente, mas queria senti-lo um tanto mais na fração de tempo que antecederia meu sono. Gosto de quando está tarde e todos fecham os olhos e vestem outras vidas. Eu gosto de quando as horas são diferentes e quase imperceptíveis.

Ontem, minutos depois de dar boa noite e beijo e sonhe com os anjos, provei a noite com serenidade, passei o dedo de leve no móvel com fina camada de poeira, os livros intactos na estante dizendo algo que ainda não sei. É bom escutar tudo o que dizem mesmo em silêncio. Com a luz apagada, toquei a escuridão. Sensação agradável de fechar os olhos e lembrar da infância acalentada pela luz do abajur, luz amarela que não deixa de me trazer aromas e outros pedaços que já esqueci.

É da mesma escuridão que surgem os meus sonhos, em pensar que já tive medo... Vejo-me na cidade estranha ultrapassando o trânsito veloz, as mãos tentando ter agilidade igual a dos pensamentos, caneta que não para de registrar caminhos. Em rabiscos, ela decifra palavras que não se sabe de onde vêm. O fôlego me falta ao pensar na história perdida, sorrio se acordo.

Se insone, os contornos são de dias vividos, escritos em fragmentos. Tenho saudades, quero esquecer, fecho os sentidos, é tão real, ainda. Não dá para pensar agora. Cada palavra poderia vir seguida de um ponto, mas seria calar. Deixa-se um espaço para que qualquer sentimento, palavra, pensar ou suspiro o complete.

Ele tinha me perguntado se choveria amanhã. Disse-lhe que talvez, por causa do calor. Às vezes, fico a me perguntar porque o resto de sorriso no rosto, se ele vai embora sempre tão cedo. Penso que continua por perto quando eu viro madrugada... 

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