Esta cidade é um soco nos pulmões. Ela só me faz ficar sem
fôlego e me fez virar fuligem. Estou saindo de motores, esbarrando nas paredes
das chaminés e me espalhando por um céu azul pálido, quente, de nuvens desenhadas,
de Sol-rei-escaldante. Sem brisa.
Já dei passos cíclicos e encontrei semelhanças com pedaços
de outras paragens, de outros dias, de outros sentimentos, dos outros. Esta
cidade é um espelho quebrado em mil farelos como prato de vidro.
Descubro partículas embaixo dos móveis, encontro fagulhas nos
olhos desconhecidos, aprendo a descosturar meus sorrisos. Ganhei um mapa, um
lápis e uma borracha. A cada destino conquistado, tenho, como prêmio e castigo,
de apagar um caminho do passado. Tenho uma cidade borrada, tenho uns dias
desfocados, tenho uma trilha não finalizada.
Esta cidade me traga e me sopra cada vez mais longe. E,
nesses voos, vou desbravando ruas distantes, trocando cerveja por mojito, fechando
os olhos para o tempo não passar. Estou no centro e despercebida, as pessoas
esbarram em mim como em uma pista de dança. Eu ouço seus segredos em suspiros.
Trago balões em formas variadas. Estão cheios de amores, de
silêncios, de medos, dissolvidos, desalmados, completos, insanos, solitários, sorridentes.
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