domingo, 29 de julho de 2012

ANÔNIMO


Esta cidade é um soco nos pulmões. Ela só me faz ficar sem fôlego e me fez virar fuligem. Estou saindo de motores, esbarrando nas paredes das chaminés e me espalhando por um céu azul pálido, quente, de nuvens desenhadas, de Sol-rei-escaldante. Sem brisa.

Já dei passos cíclicos e encontrei semelhanças com pedaços de outras paragens, de outros dias, de outros sentimentos, dos outros. Esta cidade é um espelho quebrado em mil farelos como prato de vidro.

Descubro partículas embaixo dos móveis, encontro fagulhas nos olhos desconhecidos, aprendo a descosturar meus sorrisos. Ganhei um mapa, um lápis e uma borracha. A cada destino conquistado, tenho, como prêmio e castigo, de apagar um caminho do passado. Tenho uma cidade borrada, tenho uns dias desfocados, tenho uma trilha não finalizada.

Esta cidade me traga e me sopra cada vez mais longe. E, nesses voos, vou desbravando ruas distantes, trocando cerveja por mojito, fechando os olhos para o tempo não passar. Estou no centro e despercebida, as pessoas esbarram em mim como em uma pista de dança. Eu ouço seus segredos em suspiros.

Trago balões em formas variadas. Estão cheios de amores, de silêncios, de medos, dissolvidos, desalmados, completos, insanos, solitários, sorridentes.

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