quarta-feira, 16 de março de 2011

NERO

A janela entreaberta. A manhã nada mais é que uma claridade de cegueira. Ouço os sussurros da rua, porque despertar é silêncio, é acabar de fantasiar o sonho e começar a vivê-lo.

Hoje o céu tinha uma cor só, era cinza esbranquiçado, mas ainda era bom dia. Quando abro os olhos, sinto como se tivesse saído da morte. Dormir é um morrer feliz, não me lembro de nada, não sinto nem picadas de insetos.

Ressucito todos os dias e gasto meus olhos observando paisagens e sorrisos. E meu coração não sabe o que é paz para não deixar de se contorcer.

Eu me mantenho acordada por horas. Se falta iluminação, incendeio as ruas, toda a cidade. Sou um Nero desconhecido e insone, distribuo gargalhadas. Não me conformo apenas com lamparinas.

Desisti dos pesadelos, parei de sentir dores desde que deixei a janela entreaberta e fiquei cega, feliz, explosiva, sonhadora e louca com a luz do dia.

Um comentário:

danielle lourenço disse...

Gostei muito desse post, querida.
qndo puder me faça um visita.
Bjs Dani