quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

DIVAGAÇÕES DE UM SUJEITO OCULTO

- Já é tempo de desperdiçar asas de borboletas? Elas só podem voar?

Tem pensamentos de fuga antes de dormir e sonha. Não há frases mal construídas em pesadelos, por isso, tão reais.

Na janela do outro apartamento, um casal dorme com a janela aberta. Luz azulada da televisão. Passa um filme antigo e o título foi traduzido de qualquer forma. Eles estão em outro estágio, onde se usam siglas e todas são iniciadas com "Sono".

A sala do último andar tem quadros interessantes. Um azul, um amarelo e outro vermelho. Cores primárias rabiscadas com tinta preta. Janelas amplas de vidro que dão visão da sala inteira.

Queria receber um convite para sair nesta madrugada. Deve estar nublado, há insones sorrindo na cidade cheia de luzes. Tem como luz sorrir dentro de si, depois fora. Depois ao lado de rostos queridos. Só quando o tempo-relógio para.

- Já é tempo de ver revoadas de borboletas coloridas?

Viu duas na semana passada. Tons escuros. Uma carregava uma faixa dourada e a outra era salpicada com bolinhas brancas. A dourada trazia a força de um orixá. Balançou, bateu as asas, gingou como um capoeirista alado. Assustou até quem estava adormecido com seu voo de vendaval.

A mente se lembrou de Consolação e batucou silenciosamente na perna, enquanto cantava:

Capoeira me mandou
Dizer que já chegou
Chegou para lutar...

Amores inexistentes são mais dolorosos.

2 comentários:

Ludmila disse...

Adoro esvoaçar pela blogosfera, sempre encontro gratas surpresas...

Você não me conhece, mas conhece alguém que me conhece. Então me sinto mais que autorizada a vir elogiar seu texto. Ainda mais essa última frase, não sei por quê, me despertou sentimentos meios nostálgicos e me deu vontade de escrever...

parabéns! :)

Rita Rocha disse...

Tive a enorme satisfação de conhecer seu blog... como nunca é tarde, estou agora fazendo uma viagem encantadora nas suas palavras. Nada melhor para um início de dia...
Parabéns e voltarei sempre... todos os dias se assim DEUS me permitir.
Bjins enormões.