sexta-feira, 26 de novembro de 2010

PARA O TEMPO...

Não me lembro de quem me falou isso pela primeira vez, mas sei que me disseram algo sobre quando as pessoas roubam as nossas ideias. Não, não falo de plágio. Falo de quando alguém tem o pensamento da nossa vida antes mesmo de pensarmos naquilo.

Eu penso em Capote e Brum fazendo isso. Wolfe e os repórteres da extinta Realidade... Silveira, Thompson. Lispector lendo meus não-ditos e Chico refazendo meus sorrisos, contornos femininos.

E penso, repenso, refaço dizeres que já espalhei pelos ouvidos amigos, pois queria falar sobre tempo, mas o roubaram de mim! Denuncio sem medo. Cansada em peso de olheiras, desperto em um susto de partir coração. O meu virou névoa desde que todos os meus relógios se descompassaram. Noite-dia que não mais compreendo. O tempo-espaço. Deixei de conhecer para me descobrir. O tempo-outro é passado, enquanto o tempo-agora é crescente.

Mas me deram a dádiva de reconhecer o que sinto e não precisar expor de maneira inédita por já terem dito... Quantos nós terei que fazer, amarrar com uma força absurda para desatar com apenas uma mão? Todos os nós são frouxos quando desatados entre os dentes. E não importa quanto tempo, tempo, tempo, tempo.

Disparam ponteiros, projéteis caóticos. Tempo, senhor de não sei quem e veloz. Como já te disseram, vai em outras vozes. Fica com as palavras de quem te roubou. Rezo para o tempo...

2 comentários:

Anônimo disse...

Muitas vezes já me peguei pensando nessa coisa do que já disseram por nós, antes de nós. Confesso que até me deprime, gera-me um cerceamento doentio, castrador até.

Sil Leite disse...

sinto arrepios ao ler as letrinhas que vc faz dançar num ritmo único.