eu peguei a minha felicidade e piquei em pedacinhos bem miúdos, quase invisíveis. Viraram partículas ou o tal do átomo. E saí toda vestida de carnaval-purpurina, coberta por uma fina névoa de alegria presa ao papel de minha pele.
Salpiquei a felicidade inteira pela casa, botei um pouco em um copo d'água e bebi, reguei também o trevo de três folhas da varanda e depois tomei um banho acrescentando folhas novinhas de alecrim, um punhado de sal grosso e uma reza cheia de fé. Foi com um sorriso muito aberto que dividi a calçada em blocos de trechos caminhados e andei deixando palavras inteiras, não mais passos. Só o alfabeto embaralhado diz tudo.
Desci a rua em esquadro, essa ladeira que não termina em dia de sol, mas o céu branco e azul e com pássaros voando deixa tudo tão mais... Isso! Tudo fica com os traços mais bem desenhados, como na época em que era criança e demarcava os contornos de minhas árvores e pessoas com hidrocor preto. Eu preenchia com lápis de cor, errando as margens, e até o ar ficava colorido.
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