sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

NA FALTA DO QUE FAZER,

eu peguei a minha felicidade e piquei em pedacinhos bem miúdos, quase invisíveis. Viraram partículas ou o tal do átomo. E saí toda vestida de carnaval-purpurina, coberta por uma fina névoa de alegria presa ao papel de minha pele.

Salpiquei a felicidade inteira pela casa, botei um pouco em um copo d'água e bebi, reguei também o trevo de três folhas da varanda e depois tomei um banho acrescentando folhas novinhas de alecrim, um punhado de sal grosso e uma reza cheia de fé. Foi com um sorriso muito aberto que dividi a calçada em blocos de trechos caminhados e andei deixando palavras inteiras, não mais passos. Só o alfabeto embaralhado diz tudo.

Desci a rua em esquadro, essa ladeira que não termina em dia de sol, mas o céu branco e azul e com pássaros voando deixa tudo tão mais... Isso! Tudo fica com os traços mais bem desenhados, como na época em que era criança e demarcava os contornos de minhas árvores e pessoas com hidrocor preto. Eu preenchia com lápis de cor, errando as margens, e até o ar ficava colorido.

Acho que tenho saído por aí... Fazendo um arco-íris no rosto e um samba no coração. Sei que, na falta do que fazer, rasquei a felicidade que me deram em eternos pedacinhos e tenho deixado o vento levar. E, todos os dias, trazê-los de volta para mim...

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