Comprei uma rosa ontem à noite. Comprei para mim a mais indigente de todas, aquela que se escondia. Fechada.
Paguei pela dona de um sorriso provavelmente cheio de medos, era ainda a menor de todas. Uma nota apenas pela rosa que me fitou sem querer ir para o imenso vaso que lhe reservei.
Alva até certo ponto, as bordas coradas por um rosa pálido e triste. Perfume tímido, folhinhas frágeis. Saiu das mãos do florista fazendo o barulho do plástico barato que envolvia seu caule.
Discretas pétalas de porta de metrô que subiram íngreme ladeira em mãos agora estranhas.
- Eu te corto o caule, meu bem, quero que você renasça em cor e aroma. Penso que te quero tão viva quanto eu...
Água fria no vaso de porcelana. Uma madrugada inteira em silêncio. A manhã seguinte...
Formigas entorpecidas com a doçura do botão despedaçado.
Um comentário:
Como eu gosto dos seus textos. Esse da rosa é belíssimo.
bjs
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