quarta-feira, 14 de julho de 2010

DOCE

Mas são os vendedores de doces da esquina que me atormentam. Eles e suas balas mentoladas, projéteis adocicados que cegam minha garganta. Culpados são, pela saliva viscosa que se forma na boca infantil-adolescente de quem prova chocolates. O impacto. Barra branca. Outro. Pedaço ao leite. Mais uma. Meio amargo.

Bochechas infladas e disformes, voz embargada por tentar dizer algo com um pirulito preso entre a mucosa e os dentes. POP. Tinha ainda aquele em formato de coração.

O tempo passa para eu mascar a goma verde-hortelã até perder o gosto, até não ter mais cor, até... De tão ressecada, não ter mais forças. Não mais inflar. Ploct. Fazia bola de chiclete até ela explodir e cobrir meu nariz e meu queixo. Ploct. Comprimindo os dentes contra a massa açucarada até o maxilar doer.
E depois, se novamente encontrar a senhora cheia de agasalhos e embalagens coloridas. Depois, eu me torno menos ferida...

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