quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A INIMIGA

Estávamos frente a frente e nossos olhares se cruzavam em um misto de apreensão e desprezo. Na verdade, fui surpreendida. Como poderia ela ter invadido meu quarto? Simples, há sempre uma chave ou uma porta aberta, as janelas já servem.

- Boa noite, querida, chegou cedo hoje! – Sussurrou.

- Fora daqui!

Hoje não estava afim de discutir, dei-lhe as costas e separei algumas roupas, tinha que arrumar uma mala. Notei que ela permanecia imóvel, encarando-me, talvez sorrisse da minha atividade repetitiva: dobrar, guardar, dobrar, guardar.

- Leva o vestido marrom!

- Não quero ficar parecida com você. - Respondi grosseiramente.

- Incrível! Como pode alguém, que afirma ser tão inteligente, ter uma mente com tamanha limitação? – Ridicularizou-me.

Fingi que não estava ouvindo. Meu suor tornara-se frio e a vontade de vê-la aniquilada, irresistível. Uma repulsa imensa fazia minhas mãos latejarem, éramos inimigas e ponto final. Ninguém sentiria sua falta, lógico que não; sua família, espalhada pelo mundo, tão desunida quanto grande. E a criatura – será que posso chamá-la de criatura? – não possui beleza alguma, interior e muito menos exterior.

Agora sou eu que estou estática. O que fazer? Talvez seja o melhor, talvez não. Meus lábios estão trêmulos, meus dedos se mexem sem que eu queira, e ela me olha, se mexe, e caminha, e volta, e nada, está silenciosa. Coragem! Sou eu ou ela!

Depois, tudo aconteceu muito rápido: tirei os sapatos, fechei a porta, muni-me de um cinto e andei decidida em sua direção. Ela estava de costas para mim, apoiada em uma mesinha, indefesa. Perfeito. Parei, será que devo? Posso! Fechei os olhos e bati com toda a minha força, acertei a parede.

Nove horas e vinte e oito minutos, a janela está aberta! Salve-se!

E ela o fez. Voou para a noite estrelada e do lugar onde me encontrava, aquela barata até parecia uma borboleta...

2 comentários:

Estêvão dos Anjos disse...

HURULLLLLLLL
Postou ele!!!!

huahauhua muito engraçado....na primeira vez que o li bote um ano e meio por aí, eu achava que era uma irma sua ou sei lá o q. nunca maginei ser uma barata.
Lembrou um pouco um livro da Clarice em que ela descreve a sensação ao ver uma barata.

bjuuuu

Acássia disse...

kkkkkkkkkkk
só lembro da karina!

hahahaha