Em um certo dia, ouvi pela primeira vez a estranha palavra que escorregou dos lábios de uma amiga, era uma conversa casual e, por um momento, tive a impressão de que ela estava tentando me transmitir uma mensagem através de um dialeto. BAMBARÉ, invadiu meus ouvidos e os feriu. Era algo que não pertencia ao meu vocabulário, logo, meu cérebro começou uma busca para encontrar um significado para a palavra. Arquivos vasculhados, veio um pensamento: será que é o nome de um peixe? Não, lógico que não, o peixe é tucunaré!
Antes que eu esboçasse a pergunta, ela me explicou – em tom de dicionário – o significado da palavra, algo como uma “mistura de vozes”. Então, misturado a uma dezena de informações dadas por sua língua encharcada de conhecimentos, escutei um sussurro. Estou louca – pensei.
- Preciso lhe contar algo.
- Não estou ouvindo nada.
- É importante.
- Não quero saber.
Uma voz diferente se sobrepôs à outra e ralhou:
- Cale a boca! Ela não quer te ouvir. Ouça-me, minha história é mais interessante.
Enquanto as duas vozes discutiam, minha amiga e eu nos despedimos. E quando me dei conta, estava dando-lhes atenção.
- Quem são vocês? – perguntei com certo receio.
- Somos frutos da sua imaginação, inspirações que falam em seu interior, partes de seu ser e daquilo que te cerca. – cantarolou uma terceira voz.
- Escute-me, preciso lhe contar algo. – repetiu a primeira voz.
- Está bem, fale. – expressei desinteresse.
- Preste atenção!
- Quer que eu me sente também? – ironizei.
- Se preferir. – respondeu com desdém.
Percebi que dali em diante teria muito a ouvir, discursos de Bambaré.
- Começa mais ou menos assim:
Um comentário:
Conflitos internos, acho que eu chamaria bambaré assim...
a propósito de onde tirasse esse nome?
Gostei da proposta de retratar as milhares de vozes que nos instigam a uma ação. não só vozes internas, mas também o que ouvimos e lemos atuam e falam o dialeto bambaré.
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